quarta-feira, 21 de julho de 2010


Eu não acredito em gnomos ou duendes, mas vampiros existem. Fique
ligado, eles podem estar numa sala de bate-papo virtual, no balcão de
um bar, no estacionamento de um shopping. Vampiros e vampiras
aproximam-se com uma conversa fiada, pedem seu telefone, ligam no outro
dia, convidam para um cinema. Quando você menos espera, está entregando
a eles seu rico pescocinho e mais. Este "mais" você vai acabar
descobrindo o que é com o tempo.


Vampiros tratam você muito bem, têm muita cultura, presença de espírito
e conhecimento da vida. Você fica certo que conheceu uma pessoa
especial. Custa a se dar conta de que eles são vampiros, parecem gente.
Até que começam a sugar você. Sugam todinho o seu amor, sugam sua
confiança, sugam sua tolerância, sugam sua fé, sugam seu tempo, sugam
suas ilusões. Vampiros deixam você murchinha, chupam até a última gota.
Um belo dia você descobre que nunca recebeu nada em troca, que amou
pelos dois, que foi sempre um ombro amigo, que sempre esteve à
disposição, e sofreu tão solitariamente que hoje se encontra aí, mais
carniça do que carne.


Esta é uma historinha de terror que se repete ano após ano, por
séculos. Relações vampirescas: o morcegão surge com uma carinha de fome
e cansaço, como se não tivesse dormido a noite toda, e você se oferece
para uma conversa, um abraço, uma força. Aí ele se revitaliza e bate as
asinhas. Acontece em São Paulo, Manaus, Recife, Florianópolis, em todo
lugar, não só na Transilvânia. E ocorre também entre amigos, entre
colegas de trabalho, entre familiares, não só nas relações de amor.


Doe sangue para hospitais. Dê seu sangue por um projeto de vida, por um
sonho. Mas não doe para aqueles que sempre, sempre, sempre vão lhe
pedir mais e lhe retribuir jamais.

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