segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Pressa de viver!


No olhar preso do tecto do meu quarto,

Renasço do rescaldo

De um tempo morto

Quando não mais senti

Esse fogo desumano

Que em meu corpo era estranho.

E ao renascer dos escombros,

Carrego agora em ombros

Mil pesos de vontades

Viajantes na leveza dos ventos,

Sobrevoando barcos encalhados

No mar de gritos afogados em tempos!

Abro os braços á brisa que passa

Venço medos pelo cansaço

Desato os punhos, destapo a boca…

Da tristeza, faço graça

De sorrir, já não passo

Vivo com a força de uma corrida louca!

Passo a ponte, subo o monte

No horizonte,

Um poema de estrelas com versos de vida

A melodia no verbo amar…

A tudo quero chegar cedo

Do escuro, já não tenho medo

A nada me quero atrasar.

Tenho pressa de sair

Fugir do mundo sem me esconder…

E a quem no meu caminho se meter

O perdão, não vou pedir…

Pois tenho pressa de viver!

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- Moisés Correia -

Domingo, 5 de Setembro de 2010

A beleza das coisas!


A beleza das coisas

Entre outras tantas belezas

É um nascer e pôr de sol,

Num parecer de sobe e desce

Quando a terra se mexe.

A beleza da paisagem,

É o espelho de uma viagem mental

Onde a natureza natural das coisas

Se reflectem em cada mente

Destapando novas cores

Novas raízes, novos céus

Onde os sonhos voam

E se misturam com as aves.

Tudo passa a ser uma porta

Aberta ou fechada,

O trinco da arte

Onde a imaginação é a chave!

Quanta beleza reside dentro de um coração?

De que cores se pintam quadros de ventos?

Não existe razão das coisas

E da eternidade dos tempos!

Passa tão perto e distante,

O toque, a voz de uma criança

O silêncio, um abraço amigo

Um socorro, um pedido

A beleza de uma planta…

Um olhar que não se lê

Uma mão que distrai

Enquanto a outra faz magia

Um truque que não se vê

Mas a viva nos encanta!

O caminho de uma noite

Uma luz, um clarão de tempestade

Pensar que o dia não mais tem uso…

Deixar tudo para traz

Recordações que nos deixam

A pensar o que fazer com elas,

Abstraindo cada um

De viver ou fazer uma história.

E a meio do caminho…

De novo se encontra o percurso!

Todas as coisas têm a sua beleza

E a beleza das coisas

Está onde estamos…

Está onde nunca reparamos!

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- Moisés Correia -

Quinta-feira, 19 de Agosto de 2010

O teu jogo!


Sem regras e normas

Duelos amantes

O frente a frente

Um olhar de partida…

Movem-se os peões

Corações, diamantes

Num jogo lançado pelos dados da vida.

Um passo para a frente

Dois para traz

Tabuleiros de leis

Sem pés nem cabeça…

Vitorias

Derrotas

Sorte

Azar

Tanto faz,

Se tudo o que se joga

É aquilo que nos resta.

Esse teu jogo…

Não jogo!

Queres jogar com todos os meus medos

Como peões num tabuleiro de segredos?

Esse teu jogo…

Não jogo!

Ganhar ou perder

É um quebra-cabeças

E se tudo é um jogo

Então…

Recolhe as peças!

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- Moisés Correia –

Terça-feira, 13 de Julho de 2010

O lago!

Um barco parte para parte nenhuma

Desnorteia-se solto num lago sereno…

Que já não se encontra de forma alguma

De tão grande… ser pequeno!

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Com ele, leva a loucura e o meu senso

Que encalhados ficam, numa margem mais além…

E fico lutando contra uma força que já não venço

E fico desatando… um amor que ficou refém.

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O tempo passa forte, perco o norte, perco a calma

Lago de ventos e prantos, mantos de um charco…

Onde irei render as forças da minha alma

Ou tão-somente…apodrecer como um barco!

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- Moisés Correia -

Sábado, 26 de Junho de 2010

Um tempo… sem saudade!



Na noite escondo o medo

No recanto que só eu sei

Bebo as lágrimas do segredo

Destapo as feridas que não sarei!

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Deixo de mim, pedaços escritos

Memórias que ainda sou refém

Amarro a dor, solto os gritos

Que só eu ouço, e mais ninguém!

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Memórias que me chegam á toa

Mas não me importo que ainda doa

Pois são restos de uma realidade…

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A minha mente ainda chora

De um passado que escrevo agora

Num tempo… sem saudade!

.

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- Moisés Correia -


Sexta-feira, 4 de Junho de 2010

Mesmo existindo…

Desperto-me por entre a bruma

Destapo o manto

Envolto na madrugada fria,

Cheiro a brisa… me levanto!

Disperso-me pela geada de alma nua

Arrastado por um leve vento

Em grito de euforia.

Esbarro-me nos muros de pedra dura

Esmago o silêncio

Enraizado por esta dor que teima vencer…

Sem saber como, descubro a cura

Ressuscito-me no eterno das palavras

A cada dia que me sinto morrer!

Corro para dentro de mim

Salto para dentro do meu jardim

Apenas sou mais um, dos que lá entraram

Sou todos aqueles que colheram flores

Sou venenos, sou amores

Sou todos aqueles… que as pisaram.

Misturando-me no tempo

Adianto-me aos sonhos sem adormecer

Com o devido tempo

Abro as portas e janelas do meu ser

Viro as costas, cerro os olhos

Vejo sombras… as minhas sombras!

Um manto de tudo o que a minha sombra cobre,

É medo que se destapa

É ferida que fere e mata

Um céu se encobre…

Que venha rápido o amanhecer!

Atiro as pedras ao charco

Afugento meus fantasmas

Num mar de lágrimas, mar vermelho…

Tento agitar minha calma, minha alma

Mergulhando de cabeça no presente

Aprendendo de novo, a sorrir diante ao espelho.

Ainda me resta uma mão cheia de nada

Um punhado de sementes

Que irei plantar em terras férteis e quentes.

Mais devagar, ou como seta

O importante é chegarmos mais além

O importante é chegar a meta!

Não mais irei caminhar

Medindo a extensão do percurso…

Não mais irei hibernar

Como um tolo ou como um urso!

Vou desatar-me desta sonolência

Deste frio que não me liberta

Talvez ser crente, noutra crença

Talvez ter alma de poeta.

Lutar será o lema!

Escutando cada pedido de socorro de um poema.

Serei o mundo que ainda não alcancei

Viverei apenas pela poesia que ainda não escrevi…

Amar de todo, o que ainda não amei

Hospedar em mim, o sopro vivo da vida,

Porque mesmo existindo…

Eu nunca me achei…

Eu nunca existi!

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-Moisés Correia -

Sexta-feira, 7 de Maio de 2010

O mal do homem!


Nasce uma criança!

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Vive alguém…

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Morre o homem.

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Nasce a fé sem esperança

Nasce o ódio e a vingança

A origem de toda a luta…

Nasce a natureza e o animal

Nasce a riqueza, cresce o mal

Uma criança vive á bruta!

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Vive o medo e o lamento

Vive a inveja no tormento

Estoira a guerra sem sentido…

Vive o povo sem trabalho

Vive o furto sem atalho

Morre alguém sem ter escolhido!

.

Morre o justo e o inocente

Morre a paz de toda a gente

Cai o homem na desordem…

Morre a origem de todo o bem

Morre a fé de quem a tem

Na verdade, todos morrem!

.

Chora uma criança…

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Pergunta alguém;

.

- Porque não morre o mal do homem?

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-Moisés Correia -

Terça-feira, 4 de Maio de 2010

Barco perdido!


Nas noites que chegam perdidas,

Hás ruas do meu deserto,

De peito aberto, parto incerto

Em viagens sem partidas

Neste mar, chão de alma…

Mergulho profundo sem ar

E a cada instante,

Neste distante olhar

O teu mundo fica mais perto,

O meu mundo nunca acalma!

Ao sabor dos ventos,

Rumo sem norte ao fim do mar

Rumo á vida, de barco forte

Deixo-me ir, deixo-me levar…

Vou á sorte!

Se ao menos,

Soubesse a certeza do destino!

(será que ele existe?)

Se ao menos,

Não me perdesse pelo caminho!

(sigo triste)

Mostra-me o mapa do teu coração!

Não me deixes ir em vão,

Não deixes que algum de nós

Descubra a sós

Que rodeado de tal imensidão…

Se pode ficar sozinho!

Muitas vezes me perdi

Conhecendo o rumo certo,

Muitas vezes, até venci

Tempestades com velas de aço…

Agora sei, que estando longe

Estive tão perto

De ancorar, no teu abraço!

Mas vou indo

Devagar… devagarinho

Pelos horizontes do amanhecer

Navegando o desejo contínuo de te amar

Neste barco de medo por não naufragar

Nesta vontade louca de te dizer,

Que nesse teu mar…

Ainda me vou perder!

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Obrigado pelas visitas e comentários!

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- Moisés Correia -

Quinta-feira, 29 de Abril de 2010

Um dia de Outono!


Num crepúsculo dourado de Outono

Sou folha seca

(como qualquer outra)

Que se desprende do tempo

Solta-se ao mundo,

E num cair profundo

Voa sem rumo, na boleia do vento.

Plano suavemente…

(aparentemente)

Na mente, um abandono.

Hoje… já nem me recordo da cor do céu!

Hoje busco um chão com outro alento!

Reencontro alguém

Lá bem distante, lá mais além…

O meu eu!

Um sol brilha sem força

(também ele só)

No silêncio contraído dos pássaros,

Voa alto o lamento …

Soa o silêncio sentado em mim

Num banco de jardim

Sofrido e sombrio.

Uma árvore se desnuda muda

Na ilusão de uma outra estação,

E adormece…

Adormece num quadro pintado a pastel

Seco, agastado…sem brio.

Sopra uma brisa sem ar em alto mar,

Mar encrespado em agonia,

Como noite que espera o dia.

Hoje sou barragem sedenta de margens!

Hoje sou um turbilhão há deriva num rio!

Rio inquieto, que frio corre deserto

Em busca de novas paragens.

Mergulho no cinzento-escuro dos dias,

Uma madrugada se agasalha

Com o seu manto de pranto e neblina

Onde um barco ruma parado

Na saudade das viagens,

Ancorado á sina de uma chuva repentina.

Mas a alma se renova ao cair de cada folha!

Haverá sempre outros sons, outros tons

Outras chances e nuances

Neste clima de cores sem flores

Onde quase tudo seca e cai…

Como os amores que nos destrói a vida!

O seco da paisagem,

Brilhará com uma nova cor…

Uma folha caída, na sua despedida

Fortalece as forças

Para que brote de novo, o amor em flor.

Hoje…

Hoje, sou um frio farto,

Um tempo… uma época sem escolha!

Hoje… sou um sol pequeno e fraco,

(e dele se quer tanto!)

Serei apenas uma qualquer estação,

Ao qual não mando

Ao qual não sou senhor nem dono…

Hoje não serei Inverno nem Verão

Nem Primavera no seu encanto,

Hoje serei simplesmente …

Um dia de Outono!

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Participação da 1ª postagem colectiva

Com o tema “Outono”

No blogue Espaço Aberto.

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http://um-blog-para-todos.blogspot.com/

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Para todos, um grande bem-haja!

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