Pressa de viver!
No olhar preso do tecto do meu quarto,
Renasço do rescaldo
De um tempo morto
Quando não mais senti
Esse fogo desumano
Que em meu corpo era estranho.
E ao renascer dos escombros,
Carrego agora em ombros
Mil pesos de vontades
Viajantes na leveza dos ventos,
Sobrevoando barcos encalhados
No mar de gritos afogados em tempos!
Abro os braços á brisa que passa
Venço medos pelo cansaço
Desato os punhos, destapo a boca…
Da tristeza, faço graça
De sorrir, já não passo
Vivo com a força de uma corrida louca!
Passo a ponte, subo o monte
No horizonte,
Um poema de estrelas com versos de vida
A melodia no verbo amar…
A tudo quero chegar cedo
Do escuro, já não tenho medo
A nada me quero atrasar.
Tenho pressa de sair
Fugir do mundo sem me esconder…
E a quem no meu caminho se meter
O perdão, não vou pedir…
Pois tenho pressa de viver!
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- Moisés Correia -
Domingo, 5 de Setembro de 2010
A beleza das coisas!
A beleza das coisas
Entre outras tantas belezas
É um nascer e pôr de sol,
Num parecer de sobe e desce
Quando a terra se mexe.
A beleza da paisagem,
É o espelho de uma viagem mental
Onde a natureza natural das coisas
Se reflectem em cada mente
Destapando novas cores
Novas raízes, novos céus
Onde os sonhos voam
E se misturam com as aves.
Tudo passa a ser uma porta
Aberta ou fechada,
O trinco da arte
Onde a imaginação é a chave!
Quanta beleza reside dentro de um coração?
De que cores se pintam quadros de ventos?
Não existe razão das coisas
E da eternidade dos tempos!
Passa tão perto e distante,
O toque, a voz de uma criança
O silêncio, um abraço amigo
Um socorro, um pedido
A beleza de uma planta…
Um olhar que não se lê
Uma mão que distrai
Enquanto a outra faz magia
Um truque que não se vê
Mas a viva nos encanta!
O caminho de uma noite
Uma luz, um clarão de tempestade
Pensar que o dia não mais tem uso…
Deixar tudo para traz
Recordações que nos deixam
A pensar o que fazer com elas,
Abstraindo cada um
De viver ou fazer uma história.
E a meio do caminho…
De novo se encontra o percurso!
Todas as coisas têm a sua beleza
E a beleza das coisas
Está onde estamos…
Está onde nunca reparamos!
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- Moisés Correia -
Quinta-feira, 19 de Agosto de 2010
O teu jogo!
Sem regras e normas
Duelos amantes
O frente a frente
Um olhar de partida…
Movem-se os peões
Corações, diamantes
Num jogo lançado pelos dados da vida.
Um passo para a frente
Dois para traz
Tabuleiros de leis
Sem pés nem cabeça…
Vitorias
Derrotas
Sorte
Azar
Tanto faz,
Se tudo o que se joga
É aquilo que nos resta.
Esse teu jogo…
Não jogo!
Queres jogar com todos os meus medos
Como peões num tabuleiro de segredos?
Esse teu jogo…
Não jogo!
Ganhar ou perder
É um quebra-cabeças
E se tudo é um jogo
Então…
Recolhe as peças!
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- Moisés Correia –
Terça-feira, 13 de Julho de 2010
O lago!
Um barco parte para parte nenhuma
Desnorteia-se solto num lago sereno…
Que já não se encontra de forma alguma
De tão grande… ser pequeno!
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Com ele, leva a loucura e o meu senso
Que encalhados ficam, numa margem mais além…
E fico lutando contra uma força que já não venço
E fico desatando… um amor que ficou refém.
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O tempo passa forte, perco o norte, perco a calma
Lago de ventos e prantos, mantos de um charco…
Onde irei render as forças da minha alma
Ou tão-somente…apodrecer como um barco!
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- Moisés Correia -
Sábado, 26 de Junho de 2010
Um tempo… sem saudade!
Na noite escondo o medo
No recanto que só eu sei
Bebo as lágrimas do segredo
Destapo as feridas que não sarei!
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Deixo de mim, pedaços escritos
Memórias que ainda sou refém
Amarro a dor, solto os gritos
Que só eu ouço, e mais ninguém!
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Memórias que me chegam á toa
Mas não me importo que ainda doa
Pois são restos de uma realidade…
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A minha mente ainda chora
De um passado que escrevo agora
Num tempo… sem saudade!
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- Moisés Correia -
Sexta-feira, 4 de Junho de 2010
Mesmo existindo…
Desperto-me por entre a bruma
Destapo o manto
Envolto na madrugada fria,
Cheiro a brisa… me levanto!
Disperso-me pela geada de alma nua
Arrastado por um leve vento
Em grito de euforia.
Esbarro-me nos muros de pedra dura
Esmago o silêncio
Enraizado por esta dor que teima vencer…
Sem saber como, descubro a cura
Ressuscito-me no eterno das palavras
A cada dia que me sinto morrer!
Corro para dentro de mim
Salto para dentro do meu jardim
Apenas sou mais um, dos que lá entraram
Sou todos aqueles que colheram flores
Sou venenos, sou amores
Sou todos aqueles… que as pisaram.
Misturando-me no tempo
Adianto-me aos sonhos sem adormecer
Com o devido tempo
Abro as portas e janelas do meu ser
Viro as costas, cerro os olhos
Vejo sombras… as minhas sombras!
Um manto de tudo o que a minha sombra cobre,
É medo que se destapa
É ferida que fere e mata
Um céu se encobre…
Que venha rápido o amanhecer!
Atiro as pedras ao charco
Afugento meus fantasmas
Num mar de lágrimas, mar vermelho…
Tento agitar minha calma, minha alma
Mergulhando de cabeça no presente
Aprendendo de novo, a sorrir diante ao espelho.
Ainda me resta uma mão cheia de nada
Um punhado de sementes
Que irei plantar em terras férteis e quentes.
Mais devagar, ou como seta
O importante é chegarmos mais além
O importante é chegar a meta!
Não mais irei caminhar
Medindo a extensão do percurso…
Não mais irei hibernar
Como um tolo ou como um urso!
Vou desatar-me desta sonolência
Deste frio que não me liberta
Talvez ser crente, noutra crença
Talvez ter alma de poeta.
Lutar será o lema!
Escutando cada pedido de socorro de um poema.
Serei o mundo que ainda não alcancei
Viverei apenas pela poesia que ainda não escrevi…
Amar de todo, o que ainda não amei
Hospedar em mim, o sopro vivo da vida,
Porque mesmo existindo…
Eu nunca me achei…
Eu nunca existi!
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-Moisés Correia -
Sexta-feira, 7 de Maio de 2010
O mal do homem!
Nasce uma criança!
.
Vive alguém…
.
Morre o homem.
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Nasce a fé sem esperança
Nasce o ódio e a vingança
A origem de toda a luta…
Nasce a natureza e o animal
Nasce a riqueza, cresce o mal
Uma criança vive á bruta!
.
Vive o medo e o lamento
Vive a inveja no tormento
Estoira a guerra sem sentido…
Vive o povo sem trabalho
Vive o furto sem atalho
Morre alguém sem ter escolhido!
.
Morre o justo e o inocente
Morre a paz de toda a gente
Cai o homem na desordem…
Morre a origem de todo o bem
Morre a fé de quem a tem
Na verdade, todos morrem!
.
Chora uma criança…
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Pergunta alguém;
.
- Porque não morre o mal do homem?
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-Moisés Correia -
Terça-feira, 4 de Maio de 2010
Barco perdido!
Nas noites que chegam perdidas,
Hás ruas do meu deserto,
De peito aberto, parto incerto
Em viagens sem partidas
Neste mar, chão de alma…
Mergulho profundo sem ar
E a cada instante,
Neste distante olhar
O teu mundo fica mais perto,
O meu mundo nunca acalma!
Ao sabor dos ventos,
Rumo sem norte ao fim do mar
Rumo á vida, de barco forte
Deixo-me ir, deixo-me levar…
Vou á sorte!
Se ao menos,
Soubesse a certeza do destino!
(será que ele existe?)
Se ao menos,
Não me perdesse pelo caminho!
(sigo triste)
Mostra-me o mapa do teu coração!
Não me deixes ir em vão,
Não deixes que algum de nós
Descubra a sós
Que rodeado de tal imensidão…
Se pode ficar sozinho!
Muitas vezes me perdi
Conhecendo o rumo certo,
Muitas vezes, até venci
Tempestades com velas de aço…
Agora sei, que estando longe
Estive tão perto
De ancorar, no teu abraço!
Mas vou indo
Devagar… devagarinho
Pelos horizontes do amanhecer
Navegando o desejo contínuo de te amar
Neste barco de medo por não naufragar
Nesta vontade louca de te dizer,
Que nesse teu mar…
Ainda me vou perder!
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Obrigado pelas visitas e comentários!
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- Moisés Correia -
Quinta-feira, 29 de Abril de 2010
Um dia de Outono!
Num crepúsculo dourado de Outono
Sou folha seca
(como qualquer outra)
Que se desprende do tempo
Solta-se ao mundo,
E num cair profundo
Voa sem rumo, na boleia do vento.
Plano suavemente…
(aparentemente)
Na mente, um abandono.
Hoje… já nem me recordo da cor do céu!
Hoje busco um chão com outro alento!
Reencontro alguém
Lá bem distante, lá mais além…
O meu eu!
Um sol brilha sem força
(também ele só)
No silêncio contraído dos pássaros,
Voa alto o lamento …
Soa o silêncio sentado em mim
Num banco de jardim
Sofrido e sombrio.
Uma árvore se desnuda muda
Na ilusão de uma outra estação,
E adormece…
Adormece num quadro pintado a pastel
Seco, agastado…sem brio.
Sopra uma brisa sem ar em alto mar,
Mar encrespado em agonia,
Como noite que espera o dia.
Hoje sou barragem sedenta de margens!
Hoje sou um turbilhão há deriva num rio!
Rio inquieto, que frio corre deserto
Em busca de novas paragens.
Mergulho no cinzento-escuro dos dias,
Uma madrugada se agasalha
Com o seu manto de pranto e neblina
Onde um barco ruma parado
Na saudade das viagens,
Ancorado á sina de uma chuva repentina.
Mas a alma se renova ao cair de cada folha!
Haverá sempre outros sons, outros tons
Outras chances e nuances
Neste clima de cores sem flores
Onde quase tudo seca e cai…
Como os amores que nos destrói a vida!
O seco da paisagem,
Brilhará com uma nova cor…
Uma folha caída, na sua despedida
Fortalece as forças
Para que brote de novo, o amor em flor.
Hoje…
Hoje, sou um frio farto,
Um tempo… uma época sem escolha!
Hoje… sou um sol pequeno e fraco,
(e dele se quer tanto!)
Serei apenas uma qualquer estação,
Ao qual não mando
Ao qual não sou senhor nem dono…
Hoje não serei Inverno nem Verão
Nem Primavera no seu encanto,
Hoje serei simplesmente …
Um dia de Outono!
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Participação da 1ª postagem colectiva
Com o tema “Outono”
No blogue Espaço Aberto.
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http://um-blog-para-todos.blogspot.com/
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Para todos, um grande bem-haja!
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